A engenharia genética quer genetizar a felicidade, além de traços de personalidade e distúrbios comportamentais, haja vista a dificuldade de entendimento da natureza conflitiva entre o homem e a civilização por ele criada. Não se pode controlar conflitos emocionais baseando-se em códigos genéticos. Entendemos que o inconsciente é ancorado numa grande rede de neurônios e genes, mas eles por si só não dão conta do inconsciente.
A Psicanálise é insubstituível. A Psicanálise paga um preço alto por ser a terceira grande ferida narcísica na Humanidade, ao afirmar que a espécie humana não é dona da própria vontade, mas comandada pelo inconsciente, um centro fora do seu controle. Os outros dois golpes anteriores que abalaram o orgulho e a onipotência humana foram: no século XVI, quando Nicolau Copérnico anunciou que a Terra não era o centro do Universo; e no século XIX, quando Charles Darwin disse que o homem não era uma criatura divina, mas apenas um simples descendente de macacos.
A Psicanálise sabe acolher a angústia do homem, alterando sua relação com o mundo, o que significa trazer à superfície os desejos e conflitos.
A Psicanálise não faz falsas promessas. Não promete a felicidade e nem se propõe a resolver problemas ou curar qualquer mal estar localizado. Freud disse que essa nossa centenária senhora, a Psicanálise, serve para transformar a infelicidade numa desgraça banal, fazendo com que as pessoas lidem melhor com o seu desejo, sustentando-o, e construam uma narrativa própria.