“O verdadeiro conhecimento vem de dentro” Sócrates
Caros leitores, hoje proponho uma reflexão sobre um tema que vem ganhando cada vez mais relevância no cenário atual da saúde: a proliferação das faculdades de Medicina e o impacto disso na qualidade da formação médica.
Como bem nos lembra Sócrates, o verdadeiro conhecimento vem de dentro, e é nesse espírito que devemos examinar a questão da expansão educacional médica em nosso país.
Nos últimos anos, observamos um crescimento exponencial no número de escolas de Medicina. À primeira vista, essa expansão pode parecer uma resposta adequada à crescente demanda por profissionais de saúde.
No entanto, é imperativo questionar: esse aumento na oferta de vagas está sendo acompanhado por uma manutenção, ou até mesmo melhoria, dos padrões de qualidade no ensino médico?
A Medicina é uma arte e ciência que exige não apenas conhecimento técnico, mas também habilidades humanísticas, éticas e empáticas. A formação de um médico deve ser holística, abrangendo não apenas a anatomia e a fisiologia, mas também as nuances do comportamento humano, a arte, a ética e a empatia. É essencial que as instituições de ensino médico cultivem essas competências com a máxima excelência.
O aumento desenfreado de faculdades de Medicina traz consigo o risco de uma diluição da qualidade. Há uma preocupação legítima de que o foco na quantidade possa comprometer aspectos fundamentais da formação médica, como a qualidade do corpo docente, a infraestrutura de aprendizado, a disponibilidade de recursos didáticos e, crucialmente, a experiência clínica.
Neste contexto, resgatamos a epígrafe de Sócrates, que sublinha a importância do conhecimento verdadeiro e profundo. Na Medicina, isso significa uma compreensão abrangente do ser humano, tanto em seus aspectos biológicos quanto psicológicos e sociais.
Como podemos alcançar essa compreensão se o processo educacional for apressado, superficial ou inadequadamente equipado? Além disso, a expansão das escolas de Medicina deve ser cuidadosamente equilibrada com as oportunidades de residência médica e prática supervisionada.
Afinal, a Medicina é uma profissão que exige aprendizado contínuo e experiência prática. Sem oportunidades suficientes para treinamento prático de qualidade, corremos o risco de inundar o mercado com médicos teoricamente qualificados, mas praticamente inexperientes.
Outro ponto a considerar é a distribuição geográfica dessas novas instituições. É crucial que a expansão das faculdades de Medicina atenda às necessidades regionais de saúde e esteja alinhada com as especificidades locais. A formação médica deve estar intrinsecamente ligada às necessidades da comunidade a quem ela serve.
Portanto, o desafio que enfrentamos não é apenas aumentar o número de médicos, mas garantir que cada médico formado esteja equipado com o conhecimento, as habilidades e a sensibilidade necessários para prestar um atendimento de alta qualidade.
Precisamos de médicos que sejam não apenas tecnicamente competentes, mas também humanisticamente capacitados para lidar com os desafios multifacetados da saúde moderna.
Concluo, portanto, com um apelo aos formuladores de políticas, educadores e profissionais de saúde: que priorizemos a qualidade na formação médica. Que cada nova escola de Medicina seja um farol de excelência, um lugar onde o verdadeiro conhecimento – técnico, ético e humanístico – é cultivado. Só assim poderemos honrar a nobre tradição da Medicina e atender às necessidades reais de saúde da nossa população.
originalmente do JLPolitica.com.Br