As mulheres médicas e a boneca Barbie

“Não podemos esperar para ver a mudança; nós devemos ser ela” Emma Watson

A icônica Barbie, não apenas uma boneca, mas um símbolo cultural, mais uma vez ocupa os holofotes com o lançamento de seu filme em julho de 2023. Essa produção não só capturou a imaginação de uma geração, mas também serviu como um espelho para questões sociais profundas, especialmente no que diz respeito ao papel da mulher na medicina e na ciência.

O estudo destacado na edição de Natal do “British Medical Journal” se debruça sobre essa temática, explorando o universo das Barbies médicas e científicas. Katherine Klamer, através de uma análise quantitativa descritiva, examinou aproximadamente 90 Barbies, revelando que a maioria delas é representada como pediatras, enquanto uma porcentagem mínima trata de adultos. Além disso, o estudo aponta uma predominância de bonecas brancas, levantando questões sobre diversidade e representatividade.

A análise vai além, questionando a adequação dos equipamentos de proteção individual das bonecas. Surpreendentemente, enquanto quase todas possuem estetoscópios, pouquíssimas têm máscaras faciais, um descompasso com as práticas padrão de segurança no campo médico.

Essa representação das Barbies médicas e científicas é mais do que um reflexo de brinquedos infantis. É um comentário sobre as percepções e expectativas da sociedade em relação às mulheres na medicina. Como as cirurgiãs, no editorial que acompanha o estudo, apontam, a predominância das Barbies pediatras sugere uma visão ultrapassada, onde o papel da mulher ainda é visto de maneira limitada, frequentemente atrelado ao cuidado infantil.

O filme “Barbie” e o estudo em questão oferecem um ponto de partida crucial para discussões sobre igualdade de gênero e a necessidade de uma representação mais diversa e realista das mulheres em todas as profissões, especialmente nas áreas dominadas por homens, como é o caso da cirurgia.

No entanto, apesar dos desafios apresentados, a evolução das carreiras da Barbie nas últimas décadas não pode ser ignorada. Elas refletem uma crescente valorização das mulheres no ambiente profissional. O estudo, embora crítico, também é um convite para fabricantes de brinquedos e criadores de conteúdo continuarem a evoluir, garantindo que as futuras gerações de meninas se vejam representadas em um espectro mais amplo de carreiras, especialmente nas ciências e na medicina.

A Barbie, portanto, continua a ser um ícone não apenas de beleza, mas de possibilidade – um lembrete de que o papel das mulheres é onde elas escolherem estar, seja em um consultório pediátrico, em um laboratório de pesquisa ou liderando uma equipe cirúrgica. Este estudo nos lembra de que, enquanto celebramos os avanços, ainda há um longo caminho a percorrer para alcançar uma representação verdadeiramente equitativa e diversificada no universo médico e além.

Ao refletir sobre a jornada da Barbie no mundo médico e científico, reconhecemos não apenas o poder dos brinquedos como ferramentas de inspiração, mas também a importância de questionar e expandir os limites do que é possível para as mulheres em todas as esferas da sociedade.

O filme “Barbie” de 2023, em conjunto com o estudo do “British Medical Journal”, oferece um espelho valioso para estas questões, incentivando uma nova geração a sonhar sem limites e a buscar carreiras em campos onde possam verdadeiramente fazer a diferença.

originalmente do JLPolitica.com.br

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