Não rimos porque estamos felizes, estamos felizes porque rimos (William James).
Um dia sem rir é um dia desperdiçado (Charles Chaplin).
Talvez, entre amigos, eu seja conhecida como aquela do sorriso fácil, e que não nego uma boa risada, por qualquer motivação. Minha alta estima permite afirmar que tenho uma alegria nata que transborda e talvez por isso os amigos me consideram uma boa companhia. Ou seja, sou gratificada com a atenção e o carinho dos que me cercam, graças aos risos oferecidos.
O riso gera uma mágica capacidade de conexão e cria vínculos emocionais, dando sentido às vivências do cotidiano que passam a ser percebidas como experiências plenas e verdadeiras. Isso não significa que eu esteja imune a alguns gatilhos que tiram qualquer mortal do sério e de repente posso ficar esquentada e colérica. Não sou santa.
Mas, verdade seja dita, que tirando os momentos mais sérios e por que não dizer sofridos, sempre tive na casa dos meus pais, Nazário e Elena Pimentel, o riso como tônica e tempero necessários para todos os momentos, até mesmo como elixir e unguento para algumas dores. Eles riem muito, inclusive deles mesmos. Acho que o riso gera cumplicidade, ameniza as adversidades, fortalece os relacionamentos. Meu riso frouxo vem daí. Fui treinada também, pois o riso é contagiante.
Os casais que se zoam são mais felizes, pois são pessoas que estão na mesma sintonia, conversam mais, trocam mais experiências, informações e sentimentos. Podemos criar a máxima: casal que ri junto, permanece junto.
Imagine você, querido leitor, no período pandêmico, casais sem senso de humor! Não à toa, a Covid-19 trouxe um boom de separações em boa parte do mundo, por ter imposto uma coabitação diuturna na qual não se conseguia disfarçar defeitos, implicâncias, manias e ausência de riso, tudo isso com cores sombrias pelo clima de tensão e muito medo.
É saudável rir das coisas mais sinistras da vida, inclusive da morte. O riso é um tônico, um alívio, uma pausa que permite atenuar a dor, não é mesmo Charles Chaplin!
Sempre é possível rir de um mundo cruel e vingar-se de forma inteligente, ainda que simbolicamente, daquilo que o sujeito tem ou teve de suportar. Rir das tragédias é uma forma de tornar-se forte, resiliente, para continuar seguindo com a vida. Há um provérbio judaico que diz que o que o sabão é para o corpo, o riso é para a alma.
Está lembrado do comediante Paulo Gustavo? Um vídeo dele circulou com frequência, e você deve ter assistido. Era uma das suas últimas apresentações no meio da pandemia, da qual foi uma das vítimas, e ele nos disse que aquele ano “serviu para mostrar que a gente não vive sem a graça, sem o humor. O humor salva, transforma, alivia, cura, traz esperança para a vida da gente. Rir é um ato de resistência”. Certíssimo!
Às vezes gosto de observar os casais em restaurantes e festas. Com o meu olhar eu invado a intimidade deles. Talvez você faça isso também, pois ser curioso é bem da natureza humana! É fácil perceber que aquele casal que não ri e nem conversa entre si, quando eles não sustentam o olhar, não se tocam, não se fazem afagos, e estão perdidos nos seus respectivos mundinhos virtuais, é infeliz.
Tem aqueles que não resistem a um palhaço de circo e riem muito, mesmo com a piada sem graça. Tem aqueles que não entendem por que os outros estão rindo de algo tão bobo. E tem os comediantes que se esforçam para conquistar a sua risada e nem sempre logram êxito. Sabem o porquê? O riso é um mistério.
O riso é um fenômeno físico, uma manifestação corporal. Todos nós exercitamos o riso desde a condição de bebês, pois trata-se de algo instintivo, uma descarga com origem neurológica, da qual temos pouco controle, e com características estereotipadas que o transforma em uma linguagem universal.
Em dez minutos com um interlocutor, rimos em média cinco vezes e, pasme, são risos que se seguem àquilo que dizemos e não necessariamente porquanto falas engraçadas que ouvimos. Detalhe: muitas vezes sequer percebemos isso. Ou seja, a risada, tanto quanto o sorriso, pode ser um tanto quanto automática e até inconsciente.
E o que será que efetivamente nos faz rir? Tem gente que ri de tudo e tem aqueles que vivem com uma expressão séria, carrancuda em excesso. Tem também os pessimistas, trágicos, os maus humorados, ou simplesmente aqueles que padecem de prisão de ventre e vivem cheios de fezes, e por serem enfezados, estragam o humor dos que estão no entorno. Irritabilidade também contagia. Sugiro nestes casos procurar psiquiatra e um psicanalista. Meu consultório tem agenda aberta e sempre à disposição…rsrsrs.
Perceba, querido leitor, que até nas nossas mensagens e textos, como acima fiz, de forma jocosa, porém intencional, nos expressamos com rsrsrs, hahaha, kkkkk que surgem, não necessariamente porque algo engraçado foi dito, mas como forma de dar leveza ao diálogo, ou ser irônico, ou ainda para ser sutil em uma cobrança, um comentário e uma sugestão; e sempre no final da frase, como uma espécie de nova pontuação gramatical.
Mas não esqueçamos que o riso nem sempre é genuíno, pode ser forçado e às vezes apenas soa como ofensa, uma expressão do sarcasmo e da agressividade contra o outro, talvez uma forma de apontar erros e punir o alvo escolhido.
Não é à toa que políticos são alvo fácil. Claro que humoristas não derrubam governos, mas denunciam os absurdos com memes, bordões e piadas que podem gerar ou aguçar novas percepções sobre estes personagens. “É fácil ser humorista quando você tem o governo todo trabalhando para você”, já foi dito pelo comediante Will Rogers, no início do século passado.
Não ter humor é não ter humildade, é não ter lucidez, é não ter leveza, é ser demasiado cheio de si, não é isso mesmo André Comte-Sponville?
Importante que percebamos que o humor no cotidiano nos transforma em pessoas melhores, pois que rir é terapêutico e traz benefícios para a saúde física e mental. Rir melhora o sistema imunológico, ajuda a aliviar a dor.
Uns 15 minutos de risadas consomem 40 calorias – vejam a vantagem para a manutenção do peso, quanto mais rir, mais magro tem a chance de ficar… rsrsrs. Protege o coração, reduz a raiva, afasta o estresse, e ajuda no processo terapêutico da depressão. E você, que está lendo este texto, já soltou o seu riso hoje?
originalmente do JLPolitica.com.Br