“Conhece–te a ti mesmo”. Sócrates
Caro leitor, você já parou para cuidar de você mesmo, hoje?
Talvez esta pergunta lhe pareça simples demais, mas, no mundo frenético em que vivemos, ela pode soar quase como uma afronta. Afinal, quem tem tempo para pensar em autocuidado?
Entre as demandas do trabalho, a pressão dos prazos, as redes sociais que gritam por atenção e a eterna sensação de que estamos correndo atrás do relógio, sobra pouco espaço para olhar para si mesmo.
É irônico, não é? Passamos os dias cuidando de tudo e de todos, menos de quem realmente importa: nós mesmos.
Sócrates nos deixou uma frase que atravessou os séculos: “Conhece-te a ti mesmo.” Eu me pergunto: como podemos conhecer a nós mesmos se não nos damos nem um minuto para parar, respirar e ouvir o que estamos sentindo?
Você já percebeu como, muitas vezes, cuidar de si é visto quase como um ato de egoísmo? Autocuidado não é egoísmo, é sobrevivência.
Como se reservar tempo para descansar ou fazer algo por você fosse um luxo injustificável? É claro que, em um mundo que valoriza tanto a produtividade, dizer que vai tirar uma hora para cuidar de si pode até parecer heresia. Mas vamos combinar: quem se beneficia de uma vida vivida no limite?
Quando estamos esgotados, nossa paciência se evapora, a saúde dá sinais de alerta e nossas relações ficam à deriva. Como Sócrates disse, “conhece-te a ti mesmo” é um convite para olhar para dentro, mas isso exige tempo e, principalmente, cuidado. E não, autocuidado não significa passar o dia em um spa ou se isolar do mundo (embora, sejamos honestos, um dia de descanso total também seja muito bem-vindo).
Autocuidado é mais simples e mais profundo: é o compromisso de colocar-se como prioridade na sua própria vida.
A vida moderna nos engole – mas você não precisa deixar isso acontecer.
Quantas vezes você já se pegou olhando para o relógio, pensando: “Se eu tivesse mais uma hora no meu dia…”? Mas, se fosse realmente possível ter mais uma hora, será que você usaria esse tempo para si? Ou o preencheria com mais trabalho, mais compromissos, mais tarefas? Talvez o verdadeiro problema não seja a falta de tempo, mas o que escolhemos fazer com o tempo que temos.
Autocuidado começa exatamente aí, nessa escolha. Talvez seja se permitir 10 minutos para sentar-se no sofá com um livro que lhe faça bem. Ou, quem sabe, seja o simples ato de desligar o celular por um instante e ouvir o silêncio (algo cada vez mais raro). E, por que não, aprender a dizer “não” para as coisas que não agregam? Afinal, autocuidado é também sobre limites.
Pense e considere que o corpo, a mente e você são um trio inseparável.
Agora, pare um momento e pense: como você tem tratado o seu corpo? Ele tem sido seu aliado ou você o ignora enquanto tenta dar conta de tudo? O autocuidado passa, inevitavelmente, pelo respeito ao corpo – mover-se, alimentar-se bem e priorizar o sono são gestos simples, mas fundamentais.
Ah, o sono! Aquele amigo que tanta gente troca por mais uma série no streaming ou mais uma hora de trabalho. Mas sabe o que acontece com uma máquina que nunca é desligada? Ela quebra. E nós também. Priorizar o descanso não é um luxo, é uma questão de sobrevivência.
E quanto à mente? Quando foi a última vez que você parou para ouvir o que ela tenta lhe dizer? Talvez você esteja exausto, mas não quer admitir. Talvez esteja triste, mas continua empurrando isso para “resolver depois”. O autocuidado exige coragem para parar, ouvir e acolher.
Diante de uma sociedade que exige tanto de nós, cuidar de si pode ser, sim, um ato revolucionário. Porque é quando nos colocamos como prioridade que podemos, verdadeiramente, estar presentes para os outros. Como podemos amar, ajudar, ensinar ou inspirar alguém se estamos esgotados?
Como Sócrates propôs, o autoconhecimento é o caminho para sermos melhores – mas ele começa com pequenos atos de autocuidado.
Então, que tal começar hoje? Não precisa ser nada grandioso. Talvez uma pausa no café da tarde para saborear o momento sem pressa. Talvez uma caminhada para sentir o ar fresco no rosto. Ou até mesmo cinco minutos para olhar para dentro e perguntar: “O que eu realmente preciso agora?”
Você não precisa de um grande plano de transformação. Pequenos gestos podem ter impactos profundos. E, acredite, ninguém pode fazer isso por você – o autocuidado é, antes de tudo, uma escolha pessoal.
Então, caro leitor, eu lhe pergunto: o que você pode fazer por si hoje? Pode ser um momento de pausa, um ato de gratidão ou simplesmente a decisão de tratar a si mesmo com mais gentileza. O autocuidado não é um caminho que você precisa trilhar sozinho, mas ele precisa começar com você.
Porque, no fim, a verdadeira revolução acontece em silêncio – e ela começa quando decidimos cuidar de nós mesmos.
originalmente do JLPolitica.com.br