“Palavra puxa palavra, uma ideia traz outra, e assim se faz um livro, um governo, ou uma revolução, alguns dizem que assim é que a natureza compôs as suas espécies”.
Machado de Assis
Em um mundo onde os pixels frequentemente eclipsam as páginas, proponho uma jornada reflexiva de volta às raízes literárias brasileiras, onde a sabedoria de Machado de Assis não só enfeita nossas estantes, mas também pode iluminar o caminho para a formação de pequenos grandes leitores. É com um sorriso maroto, digno de um personagem machadiano, que convido você, caro leitor, a mergulhar nessa aventura literária.
A magia das palavras! Como bem nos lembra Machado de Assis: “Palavra puxa palavra, uma ideia traz outra, e assim se faz um livro, um governo, ou uma revolução…”. E por que não dizer, caros leitores, que assim também se moldam mentes brilhantes e corações empáticos?
É nesse tecer de ideias e palavras que convido vocês a uma deliciosa reflexão sobre o poder transformador da leitura, especialmente a dos clássicos brasileiros, na formação de nossos jovens.
A leitura dos clássicos brasileiros, meus caros, não é mera viagem ao passado, mas um delicioso banquete mental, onde cada prato é um convite à reflexão. Imagine a satisfação de ver nossos filhos e netos degustando as peripécias de Emília no Sítio do Picapau Amarelo ou, ainda, decifrando os enigmas da alma humana em “Dom Casmurro”.
Ah, que deleite seria observá-los rir e refletir com as histórias, desenvolvendo, sem perceber, um paladar refinado para a ironia, o humor e a crítica social. Imagine só, mergulhar nas aventuras de Capitu e Bentinho, ou então se perder nas descrições vivas do sertão de Guimarães Rosa, fazendo com que nossos filhos e netos não apenas absorvam as histórias, mas também os valores, os dilemas e as emoções que esses gigantes da literatura brasileira tão magistralmente nos apresentam.
É como se, a cada página virada, um novo mundo se abrisse, repleto de possibilidades, ensinamentos e, claro, muitas palavras que puxam ainda mais palavras.
Percebemos que a vida, assim como a literatura, é tecida por uma trama complexa de associações livres, realidades e ficções. Ao estimular nossos jovens a se deleitarem com os clássicos nacionais, estamos, de fato, equipando-os com uma bússola emocional e intelectual, capaz de navegar pelas nuances da condição humana.
Essa imersão literária não apenas aprimora suas habilidades de interpretação e escrita, mas também molda sua personalidade, caráter e empatia, elementos essenciais para uma existência plena e significativa.
E não é apenas sobre entretenimento que estamos falando. Oh, não! Estamos falando sobre formar cidadãos críticos, empáticos e, por que não, sonhadores. Afinal, quem consegue resistir ao charme de um José de Alencar ou à astúcia de um Lima Barreto sem sair um pouco mais sábio dessa experiência?
E aqui, retomando a nossa epígrafe, percebemos que uma simples palavra pode, sim, ser o estopim para revoluções – sejam elas internas ou capazes de mudar o mundo.
Quem lê os clássicos aprende a dançar com as palavras, a brincar com as metáforas e a flertar com as entrelinhas, desenvolvendo uma sagacidade que vai muito além dos limites acadêmicos. A leitura se transforma em um exercício de introspecção e compreensão do outro, fomentando a capacidade de acolhimento e a construção de pontes emocionais e intelectuais entre diferentes mundos.
Portanto, meus caros, como sempre ouvi na casa do meu pai, o jornalista Nazário Pimentel, a leitura abre as nossas janelas para o mundo. E mais: só quem lê, sabe escrever. Faço um desafio ao meu leitor: que tal trocarmos os controles remotos por capas gastas de livros e os ruídos eletrônicos por risadas compartilhadas em torno de histórias que resistiram ao tempo?
Prometo-lhes que será uma aventura literária que, além de entreter, iluminará os caminhos da vida de nossos pequenos grandes pensadores, tornando-os protagonistas de suas próprias histórias e, quem sabe, autores de novos clássicos brasileiros que ainda estão por vir.
originalmente do JLPolitica.com.br