No Carnaval, como na vida, é preciso sambar com alegria, mesmo nos momentos difíceis. Carnaval das marchinhas!

“Ô abre alas, que eu quero passar! Ô abre alas, que eu quero passar!” Chiquinha Gonzaga

O Carnaval está chegando e com ele a alegria contagiante das marchinhas que fazem parte da nossa cultura e tradição. Essas canções atemporais nos transportam para uma época de festa, diversão e, claro, muito samba no pé.
No último final de semana estive em um carnaval de rua. Apesar de ser uma festa infantil, tinha mais adultos e idosos no chamado “Meu Bloco na Rua”, na sua quinta edição, organizado pela saudosista Karla Freire Rezende.

Eram frevos, antigas marchinhas, bonecos gigantes como os de Olinda, palhaços e pernas de pau. Adorável o clima da festa!

Nossa festa carnavalesca tem raízes profundas, e as marchinhas são como um portal que nos leva de volta às décadas passadas, quando as ruas se enchiam de foliões animados, fantasias criativas e muita música boa.

“Olha a cabeleira do Zezé, será que ele é? Será que ele é? Será que ele é da Bahia?”
Roberto Martins e Mário Lago

Lembrar das marchinhas é reviver o espírito do carnaval de outrora, onde a descontração e a simplicidade eram os elementos-chave. Afinal, quem não se lembra das letras cativantes e dos refrões fáceis de cantar?

Lembro dos carnavais que passei em Pão de Açúcar, quando eu era menina, no clube que ficava na rua do meio e que depois se transformou em um cinema, se minha memória não está falhando.

Aliás, Pão de Açucar, em Alagoas, tinha três ruas principais: a rua de trás, a rua do meio e a imponente rua da frente que era, claro, na beira do Rio Velho Chico, onde ficava o sobrado do meu avô, José Machado da Paixão, ou simplesmente Zé Mandú, sempre elegantemente vestido de roupas brancas de linho e um chapéu também branco, estilo Panamá, nos 40° C à sombra.

“Allah-lá-ô, ô ô ô ô ô ô, mas que calor, ô ô ô ô ô ô. Atravessamos o deserto do Saara, o sol estava quente, queimou a nossa cara…”
Haroldo Lobo e Nássara

As pessoas, crianças, adolescentes e adultos se misturavam e circulavam dançando no mesmo sentido pelo salão, em uma gigante espiral. Era permitido levar talco e lança perfume.

Não lembro, eu era menina, se as pessoas aspiravam a lança perfume embebida em um lenço de cambraia que todos os rapazes usavam. Provavelmente sim. Mas lembro que os meninos jogavam no ar, aquele delicioso perfume, próximo das lindas garotas. Só não podia pó de mico…

“Vem cá, seu guarda
Bota pra fora esse moço
Que está no salão brincando
Com pó de mico no bolso”
Almir Rouche

É impossível ficar parado ao som de músicas como “Aurora”, Mário Lago e Roberto Roberti, e “Chiquita Bacana”, João de Barro e Alberto Ribeiro. Elas nos fazem dançar, cantar e nos transportam para um mundo onde as preocupações ficam do lado de fora.

“Ó abre alas, que eu quero passar, eu sou da Lira, não posso negar!”
Chiquinha Gonzaga

Além da diversão, o Carnaval tem um significado profundo. É um momento de celebração da cultura brasileira, da diversidade, da alegria e da liberdade de expressão.

É a época em que as pessoas se permitem ser quem são, sem julgamentos, e celebram a vida de maneira única. Uma verdadeira festa democrática.

“Cidade maravilhosa, cheia de encantos mil. Cidade maravilhosa, coração do meu Brasil!”
André Filho

Então, neste Carnaval, não se esqueça de colocar aquela fantasia criativa, calçar seus sapatos confortáveis e entoar os refrões das antigas marchinhas com toda a sua energia.

Vamos celebrar juntos essa tradição “das antigas” que ainda vive no coração de todos nós. Todos nós, foi um exagero. Alguns de nós, os mais velhos.

“E o mundo não se acabou, vamos brincar, o dia é nosso, vamos nessa!”
Assis Valente

Que o “Carnaval das Marchinhas” continue a alegrar nossos corações por muitos anos, mantendo viva a saudade e a alegria desta festa tão especial. Afinal, no Carnaval, como na vida, é preciso saber sambar com alegria, mesmo nos momentos difíceis.

“Oh Jardineira, por que estás tão triste? Mas o que foi que te aconteceu?”
Benedito Lacerda e Humberto Porto

E permitir que o inocente humor, impere… como na “Marcha da Cueca”.

“Eu mato, eu mato,
quem roubou minha cueca
para fazer pano de prato”
Livardo Alves

Feliz Carnaval a todos. Esqueçam a tristeza e as mazelas do cotidiano e deixem as marchinhas aquecerem nossos corações e nos fazer lembrar que a alegria e a tradição nunca saem de moda!

“Mamãe, eu quero, mamãe, eu quero. Mamãe, eu quero mamar!”
Jararaca e Vicente Paiva.

Afinal, como bem nos lembra o bom Jorge Ben Jor, os trópicos nos cobram, ou nos permitem, alegria.

“Moro!
Num País Tropical
Abençoado por Deus
E bonito por natureza
Ah! Ah!
Em fevereiro
Tem carnaval
Eu tenho um fusca e um violão
Sou Flamengo, tenho uma nêga chamada Tereza”
Jorge Ben Jo

originalmente do JLPolitica.com.br

 

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