O legado das olimpíadas de Paris: a medalha de ouro da saúde mental

“A saúde mental não é um destino, mas uma jornada que precisamos enfrentar com coragem.” Simone Biles

As Olimpíadas de Paris chegaram ao fim, mas o impacto vai muito além dos recordes quebrados e das medalhas distribuídas. A verdadeira vitória destes jogos, na opinião de muitos, foi a conscientização sobre a importância da saúde mental, trazida à tona por alguns dos maiores atletas do mundo.

Simone Biles, uma das maiores ginastas de todos os tempos, não só brilhou nos aparelhos como também no campo da saúde mental. Ao longo de sua carreira, Biles tem sido aberta sobre suas lutas com o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade -TDAH -, e sua recente postura em Paris mostrou que a verdadeira força não reside apenas nos músculos, mas na mente.

“A saúde mental não é um destino, mas uma jornada que precisamos enfrentar com coragem”, disse ela após conquistar mais uma série de medalhas. Sua honestidade e transparência em discutir essas questões abriram espaço para que outros atletas seguissem o mesmo caminho.

O Brasil também esteve bem representado nesse cenário por Rebeca Andrade, cuja trajetória mostra a importância de cuidar da mente tanto quanto do corpo. Rebeca, que trouxe ouro para o país, sempre destacou a relevância da terapia em sua vida. Mais do que aliviar a pressão dos treinos intensos e das competições, a terapia ajudou-a a desenvolver uma resiliência emocional que a permitiu superar os momentos de fracasso e incerteza.

Esses testemunhos de grandes atletas são um soco no estômago da psicofobia – o preconceito contra pessoas que enfrentam transtornos mentais. Durante muito tempo, a saúde mental foi tratada como um tabu, especialmente no mundo dos esportes, onde a força física é tão exaltada.

Mas, a partir de agora, vemos uma mudança de paradigma. Cada vez que um atleta como Simone Biles ou Rebeca Andrade fala sobre suas experiências com transtornos mentais, o estigma é quebrado, e a saúde mental é colocada no pedestal que merece.

As Olimpíadas de Paris deixaram uma lição clara: sem saúde mental, não há saúde plena. E mais importante: não há sucesso verdadeiro. Gabriel Medina e Felipe Toledo, dois ícones do surf mundial, são exemplos vivos disso.

Ambos interromperam suas carreiras no auge para cuidar de suas mentes e, ao voltarem, mostraram que essa pausa foi essencial para que pudessem continuar a brilhar. Sua coragem em buscar ajuda e falar abertamente sobre isso inspira novas gerações de atletas a priorizarem o que realmente importa.

O legado dessas Olimpíadas é, sem dúvida, uma medalha de ouro para a saúde mental. Quando Noah Lyles, velocista e campeão olímpico, declarou que suas condições não o limitam, ele reafirmou o que muitos ainda precisam aprender: a verdadeira limitação está no medo de enfrentar e cuidar de nossa própria mente. Lyles, como muitos outros, mostrou que as dificuldades são apenas partes da jornada, e com o tratamento certo, qualquer obstáculo pode ser superado.

A quebra da psicofobia é uma batalha que ainda precisa ser vencida em muitos aspectos, mas as Olimpíadas de Paris marcaram um importante passo nessa direção. Atletas do mundo todo usaram suas vozes e plataformas para mostrar que pedir ajuda é um ato de coragem, não de fraqueza. E se eles, que são vistos como os mais fortes entre nós, podem fazer isso, por que não todos nós?

Que o legado dessas Olimpíadas não seja apenas lembrado pelas medalhas, mas pela forma como mudou a maneira de enxergarmos a saúde mental. Que possamos continuar a aplaudir não só os feitos físicos, mas também os da coragem de cuidar da mente.

originalmente do JLPolitica.com.br

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