Os psicofármacos são relativamente novos e são um fenômeno de vendas. Surgiram na segunda metade do século passado e daí em diante passaram a ser usados em altíssima escala, prescritos não apenas pelos psiquiatras, mas basicamente por todos os especialistas da medicina. Tornaram-se uma revolução no tratamento daqueles antes denominados loucos. No lugar dos manicômios, camisas-de-força, comas insulínicos e tratamentos de choques, grandes reformas nos sistemas de atendimento psiquiátrico foram realizadas, diminuindo o número de internações, favorecendo a adaptação do sujeito ao mundo e, consequentemente, a sua integração à sociedade.
A medicação psiquiátrica possibilitou ao paciente uma diminuição de seus sintomas e sofrimento e ofereceu o reconhecimento do enfermo como um sujeito que necessita de cuidados em lugar da censura, do preconceito e do estigma, antes a eles reservados (RODRIGUES, 2003; PIMENTEL, 2008; ROUDINESCO, 2013).
Com o advento das tecnologias como aliadas às ciências biológicas, o campo das neurociências cresceu também, trazendo compreensões sobre os processos psíquicos nunca dantes sequer imaginados, o que deu ao psiquiatra enquanto especialista high tech um novo status e poder, cada vez mais conhecedor da fisiologia, patologia e do aparato e arcabouço cerebral e, talvez, sentindo-se cada vez mais preparado para usar do seu arsenal psicofarmacológico para medicalizar o desamparo estrutural do sujeito e tamponar a dor de existir (PIMENTEL, 2008).
O medicamento vem sendo utilizado como um instrumento, no sistema capitalista, de modelização e normatização para constituir um sujeito sem conflitos, que dá conta de todos os paradoxos da existência humana. Por outro lado, Pimentel et al. (2014) e Montero (1994) apontam os conflitos de interesse entre médicos e a indústria farmacêutica que possuem benefícios com a medicalização dos sintomas do sujeito. Neste sentido, é que devemos destacar a importância da psicoterapia na sociedade atual, que necessita perceber que podemos encontrar o bem-estar e a felicidade sem tantos psicofármacos, mas, pelo menos, o que realmente seja necessário ou complementar à psicoterapia.
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