“A honestidade é o primeiro capítulo no livro da sabedoria”
Thomas Jefferson
No universo da Medicina, onde vidas estão em pauta e a confiança é um pilar, as palavras de Thomas Jefferson em epígrafe neste texto ressoam com uma gravidade particular. Navegar pelos mares, por vezes turbulentos, da publicidade médica na era digital traz consigo um conjunto único de desafios e responsabilidades para os profissionais da saúde.
A busca pela verdade e pela transparência se torna ainda mais crucial quando se trata de comunicar habilidades, resultados e serviços médicos ao público, garantindo que as informações compartilhadas sejam não apenas precisas, mas também éticas e respeitosas.
Nos dias de hoje, com a explosão das redes sociais e a abundância de informações disponíveis na ponta dos dedos, os médicos se encontram em uma posição delicada. Por um lado, a tecnologia oferece plataformas inovadoras para compartilhar conhecimentos e avanços médicos.
Por outro, ela também serve como um terreno fértil para a proliferação de promessas exageradas e informações enganosas. Neste cenário, as diretrizes e regulamentações que regem a publicidade médica se tornam indispensáveis, orientando os profissionais de saúde sobre como navegar com integridade neste espaço digital em constante expansão.
Vivemos numa época em que a informação se move à velocidade da luz e, em um clique, somos bombardeados por todo tipo de mensagem, de todo canto do mundo. No meio desse fluxo incessante, como discernir o que é genuíno do que é mero artifício? A resposta pode estar na sábia observação de Jefferson. No mundo da Medicina, a honestidade não é apenas uma virtude, mas uma obrigação.
Ah, a publicidade médica nas redes sociais! Um tópico tão relevante quanto delicado. Vamos colocar assim: estamos vivendo na era digital, onde a presença nas redes sociais é praticamente um “dever” para qualquer profissional que quer ser visto e lembrado. E isso, claro, inclui os médicos. Mas, ao mesmo tempo, estamos falando de saúde, um assunto sério e que influencia diretamente na vida das pessoas.
Por um lado, essa presença massiva de médicos e profissionais da saúde nas redes sociais pode ser vista como algo positivo. Afinal, ela democratiza o acesso à informação, permitindo que um maior número de pessoas tenha acesso a conteúdos relevantes sobre prevenção, tratamentos e outros temas relacionados à saúde. É como levar o consultório até a casa de cada pessoa, oferecendo dicas e insights que antes eram compartilhados somente naquele espaço tão privado.
Contudo, temos um lado um pouco mais sombrio dessa história. Sim, em alguns casos, a publicidade médica nas redes sociais pode ser considerada abusiva ou, pelo menos, um tanto quanto exagerada. A linha entre informar e vender um serviço é muito tênue e, muitas vezes, é ultrapassada, não é mesmo? Alguns profissionais se utilizam de promessas, testemunhos e imagens que, por vezes, não são completamente realistas ou verídicas.
Às vezes, nos deparamos com publicações que realçam de maneira extrema os benefícios de determinados procedimentos, negligenciando os possíveis riscos e efeitos colaterais. Também é natural vermos profissionais que exploram inseguranças comuns – como o medo do envelhecimento, por exemplo – para promover tratamentos estéticos e outras intervenções.
E aí mora o perigo! A publicidade médica, quando feita de forma ética e responsável, é uma ferramenta valiosa tanto para o profissional quanto para o público. Ela informa, esclarece dúvidas e desmistifica procedimentos e tratamentos. Porém, quando essa publicidade é feita de forma irresponsável, ela pode gerar expectativas irreais, ansiedade e, em alguns casos, até levar a decisões precipitadas e potencialmente prejudiciais à saúde.
É um desafio, não há dúvidas. Mas é essencial encontrar um equilíbrio, onde a informação de qualidade seja disseminada, mas sem recorrer a artifícios sensacionalistas, promessas impossíveis e exploração de inseguranças e medos.
Portanto enquanto navegamos pelo universo online e nos deparamos com a publicidade médica, precisamos nos munir de senso crítico e lembrar que, na Medicina, não existem garantias absolutas. E, por outro lado, os profissionais de saúde também precisam se lembrar do juramento que fizeram, pautando suas ações – e publicações – na ética e no real compromisso com o bem-estar dos pacientes.
Hoje quero conversar com vocês sobre algumas regras recentes relacionadas a como os médicos podem – e não podem – compartilhar informações e anúncios nas mídias sociais e outros meios. Trata-se da Resolução 2.336/2023 publicada no Diário Oficial da União no dia 23 de setembro deste ano.
Acho a resolução bem-vinda, até porque com o advento da comunicação rápida imposta pelas redes sociais, os médicos já não obedeciam o regramento severo anterior, e já flexibilizavam as suas postagens digitais.
Sobre revelar resultados positivos, os médicos podem, sim, falar sobre sucessos em tratamentos e procedimentos que realizaram, mas tudo com muita seriedade e ética. Eles não podem, de jeito nenhum, revelar quem são os pacientes envolvidos nas histórias.
Com relação à uma transmissão em tempo real dos procedimentos, isso é um grande “não” na maior parte dos casos. E o que vemos no Instagram é a exposição completa de procedimentos estéticos com a exposição do paciente.
A história com imagens é bem séria. Seja de procedimentos, sejam imagens de “antes e depois”, tudo precisa ser tratado com o máximo de honestidade e integridade. Sem usar filtros ou fazer edições que alterem o real resultado dos tratamentos e, claro, mantendo sempre o anonimato e a privacidade dos pacientes.
No que tange à divulgação de qualificações técnicas, os médicos precisam ser transparentes e diretos. Se um médico fez uma pós-graduação, por exemplo, mas não é um especialista registrado, ele tem que deixar isso bem claro nos anúncios, pois pode induzir o paciente ao equívoco.
Agora, um ponto bem interessante: os médicos não podem fazer anúncios que de alguma forma passem a ideia de que eles têm uma habilidade única ou fazer promessas de resultados. A Medicina é uma ciência e, como tal, sempre existe um grau de incerteza. O tratamento que é eficaz para uma pessoa, pode não ser para outra. E é essencial ser honesto sobre isso.
Outro ponto vital é sobre sensacionalismo e concorrência desleal. Resumindo: nada de propagandas exageradas ou que visem derrubar a concorrência de forma desonesta! A ideia é manter um ambiente de respeito e integridade entre os profissionais e, claro, para com o público.
Depoimentos é outro recurso já muito utilizado. Mas, a regra é clareza e modéstia. Nada de exageros ou promessas. Tudo deve ser mantido no nível da honestidade e sem criar expectativas irreais.
Em resumo, tudo gira em torno do respeito: pelos pacientes, pelos profissionais e pelo público em geral. A ideia é garantir que a informação seja compartilhada, mas de uma forma ética e transparente. E isso, no final das contas, só pode ser bom para todos nós. E você, caro leitor, o que acha sobre isso? Fico curiosa para saber sua opinião.
originalmente do JLPolitica.com.Br