“Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses”
Sócrates
Hoje, convido você a explorar um tema que gera muitas discussões e, infelizmente, inúmeros equívocos: o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade – TDAH.
Utilizarei como inspiração um artigo publicado pelo Medscape, que trata do diagnóstico e do tratamento do TDAH, mas trarei minhas próprias reflexões e conhecimentos sobre o assunto.
Prepare-se para uma jornada de esclarecimento sobre uma condição que afeta milhões de pessoas em todo o mundo.
O TDAH é um transtorno neurobiológico que se manifesta na infância e pode persistir na vida adulta. Caracteriza-se por sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade.
Muitas vezes, esses sintomas podem ser confundidos com comportamentos típicos de crianças ativas, o que leva a diagnósticos errôneos e, consequentemente, a tratamentos inadequados.
Existem muitos mitos em torno do TDAH. Um dos mais comuns é que se trata de uma “doença de crianças malcomportadas”. No entanto, o TDAH é uma condição séria que afeta a capacidade de concentração, o controle dos impulsos e a organização das tarefas diárias.
Não se trata de uma falha de caráter ou de uma criação inadequada. Outro mito frequente é o de que o TDAH desaparece na adolescência.
Embora os sintomas possam diminuir com o tempo, muitos adultos continuam a experimentar dificuldades relacionadas ao transtorno. Reconhecer e tratar o TDAH em todas as fases da vida é crucial para o bem-estar dos indivíduos afetados.
O diagnóstico de TDAH deve ser feito por um profissional qualificado, que utilizará critérios bem estabelecidos e realizará uma avaliação abrangente.
É essencial considerar o histórico de sintomas, o impacto na vida diária e a exclusão de outras condições que possam apresentar sintomas semelhantes.
O tratamento do TDAH geralmente envolve uma combinação de medicamentos e psicoterapia. Os medicamentos, como estimulantes, podem ajudar a melhorar a atenção e reduzir a hiperatividade e a impulsividade.
Um acompanhamento psicológico, por sua vez auxilia na aquisição de habilidades para gerenciar os sintomas e melhorar a organização e o controle dos impulsos.
Retomando a epígrafe de Sócrates, “Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses”, é fundamental que tanto os indivíduos com TDAH quanto suas famílias se eduquem sobre a condição.
O autoconhecimento permite que cada pessoa entenda suas próprias limitações e fortalezas, desenvolvendo estratégias para lidar com os desafios diários.
O papel dos educadores e dos profissionais de saúde é essencial nesse processo. Eles devem fornecer informações precisas e apoio contínuo, ajudando a desmistificar o TDAH e a promover uma compreensão mais profunda da condição.
Nos últimos anos, observamos um outro fenômeno preocupante: a banalização do diagnóstico de TDAH em adultos.
Alguns psicólogos e psiquiatras têm erroneamente diagnosticado qualquer desatenção como TDA, especialmente em casos em que não há a presença de hiperatividade.
É importante lembrar que a desatenção pode estar presente em vários transtornos psiquiátricos, como depressão e ansiedade. Um diagnóstico inadequado pode levar ao uso indiscriminado de medicamentos que nem sempre são necessários ou benéficos.
Esse cenário contribui para o crescimento da chamada “indústria da medicação psicoativa”. Jovens que se preparam para o Enem ou para concursos frequentemente recorrem ao uso de psicoestimulantes, acreditando que isso melhorará seu desempenho.
No entanto, o uso prolongado desses medicamentos pode trazer sérios malefícios, incluindo aumento da ansiedade, taquicardia e outros problemas cardíacos.
Segundo o artigo no Medscape, há evidências de que o uso de estimulantes pode aumentar significativamente o risco de problemas cardíacos a longo prazo.
O texto alerta para os efeitos colaterais desses medicamentos, que podem incluir desde palpitações e hipertensão até o aumento do risco de eventos cardiovasculares graves.
O TDAH pode afetar várias áreas da vida de uma pessoa, incluindo a escola, o trabalho e os relacionamentos. Crianças com TDAH podem enfrentar dificuldades acadêmicas, enquanto adultos podem ter problemas no ambiente de trabalho devido à desorganização e à dificuldade de cumprir prazos.
No entanto, com o diagnóstico correto e o tratamento adequado, as pessoas com TDAH podem levar uma vida plena e produtiva.
Muitos indivíduos com TDAH desenvolvem habilidades extraordinárias de criatividade e inovação que podem ser canalizadas positivamente.
É imperativo que as políticas públicas reflitam a seriedade do TDAH e proporcionem os recursos necessários para o diagnóstico e tratamento adequado.
Isso inclui o treinamento de profissionais de saúde e educação, a criação de programas de apoio para famílias e a conscientização sobre o TDAH na sociedade.
Em suma, o TDAH é um transtorno complexo que requer uma abordagem cuidadosa e informada. Combater os mitos e promover o conhecimento sobre o TDAH é fundamental para garantir que aqueles que vivem com a condição recebam o apoio e o tratamento de que necessitam.
Como Sócrates sabiamente nos lembra, o autoconhecimento é a chave para compreender não apenas a nós mesmos, mas também o mundo ao nosso redor. Vamos juntos disseminar o conhecimento e construir uma sociedade mais inclusiva e compreensiva para todos.
originalmente do JLPolitica.com.br
