A elegância da mente: o que o paletó de meu pai me ensinou sobre credibilidade

A elegância é a arte de não se fazer notar, aliada ao cuidado sutil de se deixar distinguir

Paul Valéry

Olá, querido leitor! Sente-se, relaxe e vamos conversar sobre algo um pouco diferente hoje. Como médica e psicanalista, vou te contar uma história pessoal que acabou me ensinando muito sobre a percepção humana e, claro, sobre a elegância.

Recentemente, ao procurar fotos antigas de meu pai, Nazário Pimentel, fui tomada por uma onda de nostalgia. Lá estava ele, em quase todas as fotos, com um paletó bem cortado, uma gravata impecável, sempre elegante.

É curioso notar que ele raramente aparecia em mangas de camisa, mesmo em momentos mais informais. Ele e todos ao seu redor usavam paletó, mostrando um padrão de elegância que parece estar um pouco, ou muito, perdido nos dias de hoje.

Ah, o paletó! Ou deveríamos chamá-lo de terno, blazer, casaca? A origem da palavra “paletó” vem do francês “paletot”, que por sua vez, deriva do termo “palle”, que significa capa. Essas palavras antigas carregam consigo uma carga de formalidade e prestígio que transcende o tempo.

Mas, o que é ser elegante de verdade? Não estamos falando de ostentar grifes ou usar as peças mais caras da última coleção de moda. Elegância é algo mais sutil, mais profundo. Ela está no corte e no caimento da roupa, na escolha cuidadosa, na discrição.

Quando alguém está mal-vestido, nossa tendência é focar na roupa e talvez não levar tão a sério o que a pessoa diz. Por outro lado, quando o sujeito está bem-vestido, a roupa passa a ser um elemento invisível e nossa atenção se volta completamente para o que ele diz. Acredite, isso faz uma diferença enorme na maneira como percebemos e valorizamos o outro.

Voltando às fotos de meu pai, percebi que a elegância dele não era só sobre o paletó, mas sobre a maneira como ele se apresentava ao mundo. Ele usava alfaiataria como uma extensão de sua postura e personalidade. Não era um outdoor ambulante de marcas caras, mas sim um exemplo de discrição e classe.

Isso me faz pensar na nossa prática diária e na percepção dos pacientes. Assim como uma roupa bem escolhida pode mudar a forma como somos percebidos, a maneira como nos comunicamos e nos apresentamos no consultório também pode transformar a dinâmica da relação terapêutica.

Vamos voltar à epígrafe de Paul Valéry: “A elegância é a arte de não se fazer notar, aliada ao cuidado sutil de se deixar distinguir.” Isso não poderia ser mais verdadeiro. A verdadeira elegância é silenciosa, não grita para ser notada, mas se destaca pelo seu bom gosto e discrição.

Então, como podemos incorporar essa elegância sutil em nosso dia a dia? Não é preciso gastar fortunas. Escolher peças com bom corte e caimento, optar por alfaiataria quando possível, e evitar ostentar marcas são passos fundamentais. E mais importante, lembre-se de que elegância também é postura, é a maneira como você se comporta e trata os outros.

Caro leitor, fica aqui um convite: na próxima vez que estiver se vestindo para um evento importante, ou mesmo para um dia comum, pense no que a sua roupa está comunicando. Afinal, a elegância é uma forma poderosa de expressão, que vai muito além do que vestimos. Ela está no jeito como nos apresentamos ao mundo, nas nossas atitudes e no nosso comportamento.

E quem diria que o velho paletó do meu pai poderia me ensinar tanto sobre a mente humana e a importância da elegância, não é mesmo?

Até a próxima, e lembre-se: a verdadeira elegância nunca sai de moda.

originalmente do JLPolitica.com.br

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