Caminhos que levam à felicidade

Não existe um caminho para a felicidade: a felicidade é o caminho.

 Buda

Vira e volta, alguém pensa que sou uma espécie de oráculo e me faz perguntas. O que é felicidade? Existe um caminho? Qual o segredo para ser feliz? A felicidade é indubitavelmente o maior desejo de todos nós e estaremos sempre a buscando. Mas a felicidade é fugaz, uma vez que a vida é cheia de turbulências, daí as questões.

Ah, se eu soubesse a fórmula da felicidade, certamente eu seria a pessoa mais feliz do mundo. Aliás, feliz e rica, pois eu iria patentear e engarrafar essa poção mágica.

Eu disse poção? Então a felicidade é algo que se injeta na veia ou se bebe? Quem sabe é o meu prazeroso vinho ou alguma outra droga, lícita ou ilícita? Não refuto a ideia de que o vinho é bom em momentos alegres, e um santo remédio nos momentos tristes. Endosso e compreendo Napoleão Bonaparte que afirmava que o vinho, nas vitorias, é merecido, e nas derrotas é necessário.

Mas, afirmo que, ainda que momentaneamente, uma boa taça de vinho ao lado de amigos é um momento de extrema felicidade. Ou seja, ser feliz parece ser tão simples, que as pessoas não reconhecem o seu status quo de felicidade e exigem delas mesmas, alcançar algo que talvez não exista como imaginado.

Todos os grandes filósofos já discorreram sobre a felicidade e todos, em maior ou menor grau, declararam certa inquietude existencial que traduzia o quão eram infelizes. Ou seja, sabiam TUDO sobre a felicidade e NADA sobre a experiencia subjetiva de cada um sobre o fenômeno.

Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.)1 falava que a felicidade depende de nós mesmos e para atingi-la deveríamos cultivar as virtudes.  Nada mais correto. Não adianta atribuir a sua felicidade ou infelicidade ao outro. A felicidade não virá embrulhada em papel de presente nos dada por alguém. É algo que criamos dentro de nós mesmos, e sempre seremos os únicos responsáveis pelas nossas escolhas, que podem nos levar a inúmeros e enigmáticos caminhos. Afinal, nada tem garantias.

O pensamento aristotélico nos orienta a fazer escolhas que não, necessariamente, nos gratifiquem de imediato. O médico austríaco Sigmund Freud (1856-1939)2,, fundador da psicanálise, no seu texto As pulsões e suas vicissitudes, elabora algo que tange esta ideia: sendo postergado, o prazer alcançado ao colhermos os frutos, pode ser mais intenso; oxalá mais duradouro, diria Aristóteles1.

Ou seja, suas escolhas e decisões são definitivas nos resultados futuros. Para isso, o sujeito necessita dar sempre o melhor de si mesmo em tudo o que faz, uma vez que a felicidade não deveria ser um sentimento fugaz e momentâneo, mas um objetivo final e que envolve todas as esferas da vida cotidiana: amizades, amores, saúde e recursos financeiros, não necessariamente nesta ordem.

REFERÊNCIAS

1.  ZINGANO, M. Platão & Aristóteles. O fascínio da filosofia – coleção imortais da ciência. Editora Odysseus, 2002

2. FREUD,  S. (1915). As pulsões e suas vicissitudes. In: S. Freud, Edição standard brasileira das obras psicológicas de Sigmund Freud (J. Salomão, trad., Vol.14, p.137-168). Rio de Janeiro: Imago. 1974.

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