Entre o formal e o informal: navegando pelas águas da comunicação interpessoal

“A linguagem é a roupa que as ideias vestem”
Anatole France

Caro leitor, embarquemos em uma jornada linguística, desvendando as camadas de formalidade e informalidade que tecem as interações humanas.

Você já se perguntou de onde vêm termos como “sinhá”, “yayá”, “sinhazinha”, “dona” e “seu”? Eles carregam consigo o peso da história, refletindo estruturas sociais e relações de poder que evoluíram ao longo do tempo. “Sinhá”, um termo do português brasileiro, deriva do português arcaico “senhor”, que se transformou em “senhora” e depois em “sinhá”, usado para se referir à esposa do senhor de engenho ou de terras no período colonial brasileiro.

“Yayá” ou “Iaiá”, por sua vez, era como os escravos se referiam às filhas das sinhás, denotando uma jovem senhora ou moça de família tradicional.

Já “sinhazinha” é uma forma diminutiva e afetuosa de “sinhá”, usada para referir-se de maneira carinhosa e íntima a uma jovem senhora.

Esses termos, com suas raízes históricas, trazem à tona a complexidade das relações sociais e de poder. Mas, e hoje, como devemos usar o formal e o informal na nossa comunicação cotidiana? Especialmente na relação entre médico e paciente, o equilíbrio entre o respeito e a proximidade é fundamental.

Imagine a seguinte cena: um renomado “seu doutor” atende seu paciente. Aqui, o uso de “seu doutor” pode transitar entre o respeito à autoridade e a experiência do médico e um certo ar de distanciamento.

Por outro lado, o médico que trata seu paciente pelo nome, evitando termos genéricos como “vovô” ou “mãezinha”, estabelece uma conexão mais pessoal e humanizada, reconhecendo a individualidade do paciente. Essa interação respeitosa e personalizada não só reflete a empatia e o cuidado, mas também reforça a dignidade e o respeito mútuos.

Afinal, como Anatole France sutilmente observou, a linguagem é a vestimenta das nossas ideias e, eu acrescentaria, das nossas relações.

Portanto, caro leitor, ao navegar pelas águas da comunicação interpessoal, seja em uma consulta médica, no convívio social ou em qualquer outra interação, lembre-se do poder que cada palavra carrega.

Busquemos usar nossa linguagem para construir pontes de entendimento e respeito, onde cada “você”, “seu” ou “dona” seja um elo de conexão, valorizando a essência e a individualidade de cada ser humano.

E assim, entre “sinhás” e “doutores”, encontramos o equilíbrio na arte da comunicação, onde cada palavra escolhida é um passo em direção a um diálogo mais autêntico e respeitoso.

Que nossa linguagem seja sempre um espelho do respeito e da consideração que temos uns pelos outros, navegando com destreza entre a formalidade e a informalidade, conforme o mar da vida nos guia até o final da nossa caminhada.

originalmente do JLPolitica.com.br

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