Felicidade: Ser ou não ser feliz?

O segredo da felicidade não se encontra na busca por mais, mas sim
no desenvolvimento da capacidade para desfrutar de menos.
Sócrates

Um caminho proposto para alcançar a felicidade foi trazido por Sócrates1 que pensava que a felicidade não deveria basear-se em conquistas ou coisas externas, mas na forma como estas coisas adquiridas ou conquistadas poderiam ser usadas pelo sujeito, como por exemplo, ter recursos financeiros e exercer a generosidade e fazer doações, ou ainda usar seu potencial cognitivo e inteligência para o bem. Sócrates buscava uma resposta para as inquietudes do homem: o que é o bem? O que é a justiça? O que são as virtudes? O método socrático consistia, portanto, na arte de perguntar, vinculada à consciência do homem com os seus valores e com os preconceitos da sociedade. As respostas teriam que ser individuais e passando pelo seu aforisma: conhece-te a ti mesmo.

Talvez a maior lição socrática para ser feliz seja questionar-se sempre, e buscar de forma objetiva, as respostas para perguntas simples que nos inquietam, nos levando a um aprendizado constante diante da vida, em um exercício de humildade. Sócrates1 sempre nos dirá: só sei que nada sei, portanto busque, insista, persevere para encontrar as suas próprias respostas. O outro jamais poderá responder por você.

Sócrates1 estimulava que cada um aprendesse a pensar por si próprio, pois a verdade é sempre plural e ao mesmo tempo única, ela é singular para cada um e sempre será inatingível por estar escondida dentro do sujeito.  E mais, ela muda a todo instante, porque o mundo nos afeta, os amigos, os amores, um filme, uma canção (pensamento reforçado por Nietzsche2).

O pioneiro do rock brasileiro, Raul Seixas (1945-1989)3, ilustra isso:

[…]

Quero dizer agora o oposto do que eu disse antes

Prefiro ser essa metamorfose ambulante

Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo

Sobre o que é o amor

Sobre que eu nem sei quem sou

Se hoje eu sou estrela, amanhã já se apagou

Se hoje eu te odeio, amanhã lhe tenho amor

Lhe tenho amor

Lhe tenho horror

Lhe faço amor

Eu sou um ator

[…]

O ser humano é insatisfeito por natureza. O que desejamos hoje, já não nos atende amanhã, o nosso desejo desliza, nunca se satisfaz, no máximo se realiza (teoria freudiana4): estamos sempre em processo de evolução e transformação. Usamos máscaras e somos atores. Enganamos até nós mesmos. Não nos sabemos. Somos verdadeiras metamorfoses ambulantes.

REFERÊNCIAS

  1. MARTENS, E. A questão de Sócrates: uma introdução. Editora Odysseus, 2013.
  2. FOUCAULT, M. Nietzsche, Freud e Marx. Theatrum philosoficum. Sao Paulo: Principio Editora, 1997.
  3. SEIXAS, R. Metamorfose ambulante. Disponível em: htpps//m.vagalume.com,br>raul-seixas. Acessado em 01.08.2018.
  4. FREUD,  S. (1915). As pulsões e suas vicissitudes. In: S. Freud, Edição standard brasileira das obras psicológicas de Sigmund Freud (J. Salomão, trad., Vol.14, p.137-168). Rio de Janeiro: Imago. 1974.

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