O futuro das nossas crianças está em nossas mãos

futuro das nossas crianças

“Trocaria toda a minha tecnologia por uma tarde com Sócrates”
Steve Jobs

Tenho recebido vários vídeos e textos de alerta acerca do efeito hipnótico que as telas exercem sobre as crianças e de quanto isso é devastador para o futuro delas. Eu me pergunto se pais de crianças e adolescentes estão atentos acerca dos riscos, ou se os estão ignorando.

Comprovado e revelado em um estudo publicado no The Journal of the American Medical Association Pediatrics que bebês que ficam mais tempo diante de telas, quer seja um smartphone, aparelho de TV ou tablet, têm um atraso importante no desenvolvimento de habilidades motoras finas, e de comunicação – quer pessoais, quer sociais.

Há de convir que criança usar telas é uma maravilha para uma mãe multitarefas e que é excelente como controle dos filhos pequenos, principalmente se quem faz a maternagem tem outras atividades, além de cuidar da casa e da família, e ou não tem babás.

Eles ficam quietos, olhos vidrados diante das telas e sequer respondem a quaisquer outros estímulos externos. Ficam totalmente hipnotizados e, portanto, sob total controle. Uma bênção. Viva a tecnologia, dizem as mães.

O nosso cérebro é uma máquina preparada para o aprendizado e aquisição de habilidades. Somos curiosos e ávidos por experiências novas que nos surpreendam. As imagens na tela nos fornecem isso e muito mais.

Desenvolvemos uma rede complexa de circuitos de neurônios e mediadores químicos, e aprendemos, muito rapidamente, reconhecer os estímulos ligados às sensações de prazer e a rechaçar os que geram mal-estar.

E por isso mesmo reconhecemos, desde criancinhas, o que é bom e agradável aos sentidos. Para além deste reconhecimento, há outra rede de neurônios que dispara estímulos comportamentais fundamentais para que procuremos repetir aquilo que nos trouxe prazer.

O leitor já sabe onde quero chegar: as mídias geram dependência! Muitas pesquisas científicas já comprovaram que a dopamina é um neurotransmissor sensível aos estímulos das mídias digitais.

Você mesmo já deve ter percebido estes efeitos. Ao nos conectarmos com WhatsApp, YouTube, Instagram, Facebook, podcasts, provocamos liberação de dopamina nos centros de recompensa, como se fossem drogas psicoativas, como a ritalina, a cocaína, a maconha. O café. Ao dar ou receber um like, provocamos picos de dopamina nas sinapses neuronais.

Ao ficar longe do celular, por exemplo, cria-se um mecanismo semelhante ao da abstinência, a produção da dopamina cai e o sujeito pode desenvolver ansiedade ou depressão. O sujeito não sossega até se conectar novamente.

Crianças e adolescentes são as grandes vítimas deste comportamento problemático, gerado na dependência das telas e estimulado pelos pais desavisados, que emprestam ou até mesmo presenteiam as crianças com equipamentos, fazendo com que eles se tornem viciados, totalmente dependentes da TV e das redes sociais, e ficam tão vidrados que são capazes de passar o dia inteiro diante da tela em busca do prazer que já nem sentem na mesma intensidade de antes.

Profissionais da saúde mental têm observado em seus consultórios um aumento expressivo de crianças e adolescentes que chegam com sofrimento psíquico decorrente das dependências tecnológicas, inclusive dos jogos patológicos.

As estatísticas apontam que, nos últimos cinco anos, uma em cada cinco crianças tem problemas de saúde mental. Isso é absolutamente assustador.  Houve um aumento surpreendente de 43% de TDAH diagnosticado em crianças e adolescentes e ainda um aumento de 37% de depressão nestes meninos. Mais dramático ainda é saber que houve um aumento de 200% na taxa de suicídios em crianças de 10 a 14 anos.

E os pais dizem para você, “doutor, me ajude, pois não sei mais o que fazer com este menino, que fica isolado no quarto o dia todo deitado na cama; vira a noite preso no videogame, no computador ou no celular; não se mexe, está ficando obeso e não pega sequer nos livros da escola”.

Ora, ora, ora mãezinha: esta doce e esquisita criaturinha foi gerada por você. Será que os pais não percebem este imenso prejuízo da tecnologia digital que eles próprios, de forma negligente e permissiva, estão gerando nos seus filhos?

Sabemos que na modernidade é quase impossível orientar os pais para que nunca coloquem seus filhos diante de telas, pois elas impedem, inclusive, a verdadeira interação pessoal e social que requer olho no olho entre pais e filhos. Mas e se ao menos recomendássemos moderação?

Os pais estão cada vez mais permissivos e digitalmente distraídos. Eles precisam acordar acerca destas questões, devem ser mais zelosos e responsáveis com os seus filhos.

Crianças e adolescentes precisam de uma rotina estabelecida com horários predeterminados para o banho, os estudos, o lazer e os horários de dormir e acordar.

E atenção: deve-se dar aos filhos tarefas e responsabilidades, inclusive domésticas, e de acordo com a faixa etária delas. Mãe e pai precisam estar mais disponíveis para a prole: dar menos brinquedos e oferecer mais livros, isso favorecerá os sonhos, a poesia, o livre pensar, a filosofia e a criatividade.

Os pais devem conversar mais com eles e ter disposição para ouvi-los. Estabelecer os limites que devem ser claramente definidos e devem estar atentos a um desenvolvimento mais saudável e equilibrado. Devem lançar mão de jogos interativos e interação social, participar das brincadeiras, estimular as atividades ao ar livre.

E atenção: pais precisam também garantir uma alimentação saudável e sempre à mesa, com a família reunida e sem eletrônicos por perto.

Na atualidade, há o imperativo da pressa e da tecnologia, e as coisas simples e belas, inclusive a natureza, passam desapercebidas. Vamos estimular os nossos filhos perceber a beleza de um pôr do sol, olhar a lua, admirar as estrelas no céu e ser grato a Deus por nossa bela existência. Quanto ao futuro, este a Deus pertence!

originalmente do JLPolitica.com.Br

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