“Em evolução, assim como na vida, às vezes é o que perdemos que define quem somos”
Fernando Reinach
Caríssimos leitores, embarquemos juntos numa viagem rumo ao passado, não com uma máquina do tempo, mas com a imaginação e os fatos científicos – ou a falta de um rabo, para ser mais exato. Afinal, quem precisa de uma cauda quando se tem uma história tão fascinante para contar?
A saga começa há 65 milhões de anos, num tempo em que nossos ancestrais balançavam alegremente seus rabos sem a menor preocupação. Mas então, algo extraordinário aconteceu: um gene chamado TBXT, possivelmente com um senso de humor peculiar, decidiu que a vida seria mais interessante sem esse apêndice.
E assim, como em um passe de mágica evolutivo, o primeiro macaco sem rabo entrou em cena, provavelmente confundindo seus companheiros de cauda longa.
Mas como Fernando Reinach tão astutamente nos lembra, “assim como na vida, às vezes é o que perdemos que define quem somos”. Este momento foi, sem dúvida, um divisor de águas, não apenas para nossos traseiros, mas para nossa trajetória como espécie.
Imaginem só: sem a perda desse rabo, talvez nunca tivéssemos nos erguido sobre duas pernas, liberando nossas mãos para criações como a roda, a escrita e, claro, o smartphone.
Ah, os cientistas, esses eternos detetives do DNA, desvendaram esse mistério analisando nosso genoma e comparando-o com o de nossos parentes mais peludos e com caudas.
Eles inseriram a famigerada sequência de DNA em camundongos e, voilà, nasceram roedores sem rabo. Parece que um antigo vírus decidiu brincar de editor genético e, sem querer, nos colocou no caminho da bipedia e da dominação mundial.
E enquanto os antropólogos acreditam que a falta de um rabo foi crucial para nossa evolução para andarmos eretos, eu não posso deixar de imaginar o que teria sido se o contrário tivesse acontecido.
Talvez nossas cidades teriam postes de descanso para rabos, ou a moda incluiria calças com aberturas elegantes para acomodá-los. E as expressões idiomáticas “Não posso nem abanar meu rabo em paz” poderia ser uma reclamação válida em ambientes lotados.
Mas, queridos leitores, enquanto contemplamos a possibilidade de engenharia genética para reintroduzir rabos em humanos, atendendo, talvez, a um nicho muito específico de entusiastas de fantasias de carnaval, devemos também ponderar: será que realmente precisamos de rabos para agitar nossas vidas? Ou será que nossa verdadeira evolução está na capacidade de rir de nós mesmos e das curiosas voltas que a vida, ou melhor, a evolução, nos dá?
Por hoje, despeço-me, deixando a cauda, digo, a palavra final, com vocês: em um mundo de possibilidades genéticas, vocês gostariam de resgatar nosso rabo perdido? Ou acreditam que já balançamos o suficiente sem ele?
originalmente do JLPolitica.com.br