O impacto do Burnout nos profissionais da saúde

“Um dos sintomas de se aproximar de uma crise de nervos é a crença de que o trabalho é incrivelmente importante”
Bertrand Russell

Semana passada recebi um simpático convite do meu presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores – Sobrames-SE -, Lúcio Prado Dias, para participar ao lado dele de um podcast realizado pelo Sindicato dos Médicos de Sergipe, onde a Sobrames tem cadeira cativa.

O título do programa é bem sugestivo: A Voz do Médico. Muito bem conduzido pelos colegas Argemiro Macedo de Souza Filho e Alfredo Andrade, o papo fluiu fácil e conversamos sobre a nova Antologia da Sobrames intitulada de Resiliência, onde faço, honrosamente, a apresentação, os dois novos livros que lanço próximo mês, com os meus alunos de Medicina – as três obras levam a assinatura da Editora ArtNer – e falamos também sobre o Setembro Amarelo e a Síndrome do Burnout.

A Síndrome de Burnout pode ser identificada por situações extremas de trabalho que se manifestam de maneira lenta ou rápida, dependendo do paciente. Por exemplo, situações muito estressantes e com muita cobrança e pressão, podem esgotar mentalmente uma pessoa em poucos dias, ou também pode levar meses. Cada caso com as suas particularidades.

O bem-estar nas organizações também é um tema relevante. Fatores como a saúde mental dos trabalhadores, questões emocionais e psicológicas influenciam diretamente na qualidade de vida no ambiente de trabalho. O Burnout, portanto, não afeta apenas o indivíduo, mas também as organizações como um todo.
As profissões, apontadas por especialistas, que mais são diagnosticadas com a Síndrome de Burnout são as de médicos, policiais, bombeiros, professores, bancários, advogados, jornalistas, agentes penitenciários, entre outras, e não necessariamente nesta ordem.

Mas não se engane, caro leitor, qualquer profissional pode sofrer de Burnout. O cansaço físico e mental são os sintomas mais comuns do esgotamento emocional.

Este fenômeno, caracterizado pelo esgotamento físico e emocional, tem consequências diretas no equilíbrio emocional e na produtividade desses trabalhadores. Com a Síndrome de Burnout, o paciente sente como se não tivesse energia para nada.

E se não diagnosticado e tratado, pode evoluir para transtornos mais graves como a ansiedade, por acreditar que não está sendo produtivo e funcional, e pode desencadear uma depressão profunda com risco à própria vida.
E a saúde mental dos profissionais de saúde tem sido uma preocupação crescente. Trata-se de uma categoria que não se cuida, sentem-se imortal e essencialmente não respeita os próprios limites.

Assim, facilmente os dessa área tornam-se vulneráveis ao Burnout, exercendo a profissão com carga horária descomunal e desumana que favorece inclusive aos erros médicos frente à sua ambição desmedida de ganhar dinheiro, ser rico, bem sucedido e famoso – as redes sociais revelam isso.

Pois bem, no mês de conscientização sobre a prevenção do suicídio, o Setembro Amarelo, é fundamental enquanto oportunidade para se abordar este tema que tem afetado profundamente os profissionais da saúde, em especial os médicos e estudantes de Medicina que também são submetidos a uma carga horária na sua formação maior do que qualquer outro estudante de graduação e geram na sociedade, na família, entre os seus colegas e professores, um nível de exigência sobre o seu desempenho que no imaginário social deve ser sempre maior que a média.

Este jovem estudante procura consultórios médicos, achando que está com TDAH porque está desatento, não se concentra, está com baixa produtividade e soube através de colegas das maravilhas de uma tal de ritalina adquirida até mesmo no mercado paralelo. Claro que o caminho mais fácil sugerido é um psicofármaco da qual ele torna-se cativo e começa a pilhar e adoecer mais ainda.

Você, caro leitor está pensando que é só com estudantes de Medicina? Tenho muitos colegas médicos viciados também. Gente, põe este povo para descansar e verão que o seu o rendimento vai melhorar sem usar substancias psicoativas. Modismos!

Não é por acaso que a categoria que mais se deprime e se suicida é justamente a de médicos e de estudantes de Medicina, seguidos bem perto pelos policiais.

A pandemia foi considerada um dos maiores desafios da humanidade desde a Segunda Guerra Mundial, e os profissionais de saúde estiveram no centro dessa batalha. O impacto psicológico foi evidente, com prevalências significativas de depressão, ansiedade, insônia e estresse.

A pandemia da Covid-19 intensificou os desafios enfrentados por esses profissionais. Estudos revelaram que muitos enfrentaram o estresse ocupacional, especialmente aqueles na linha de frente de combate ao vírus, com destaque para os médicos, enfermeiros e fisioterapeutas. Os estudantes de Medicina também não se furtaram ao trabalho nos hospitais.

Estratégias de prevenção são essenciais, focando na promoção da saúde do trabalhador e na detecção precoce dos sintomas de estresse. É possível afirmar que a Síndrome de Burnout tem cura, entretanto é fundamental buscar ajuda profissional. O tratamento de quadros como esse inclui orientação psicológica e ou psiquiátrica, e pode combinar terapias e medicamentos, conforme cada caso.

Em conclusão, é imperativo que haja uma conscientização sobre o Burnout e seus efeitos nos médicos e estudantes de Medicina, em especial. No contexto do Setembro Amarelo, é um alerta para cuidarmos daqueles que cuidam de nós.

A prevenção e o apoio são fundamentais para garantir o bem-estar e a produtividade desses profissionais. Entretanto, eles precisam reconhecer os seus próprios limites, e também devem ter humildade para pedir ajuda, pois o seu trabalho é nobre e importante, mas a sua saúde mental é muito mais.

originalmente do JLPolitica.com.Br

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