Um resgate de empreendedorismo feminino

Napoleão Bonaparte, grande estrategista, certa feita disse: “geografia é destino”. Freud plagiando-o, afirmou em referência às mulheres: “anatomia é destino”. Por algum tempo, parece que essa máxima fazia sentido, ao menos no que dizia respeito às diferenças socioculturais. Hoje não mais!

Fui buscar um modelo de mulher vitoriosa e empreendedora desde os primórdios, e encontrei uma entre os meus antepassados para atender o convite Revista Empreendedorismo e escrever esta página.

Já realizei algumas palestras falando da condição feminina na contemporaneidade e sempre gosto de ilustrar falando de uma mulher especial que certamente você, leitor, nunca ouviu falar. Trata-se de Ana Pimentel, que como todos desta família, é também descendente dos “Pimenta” de Travanca e Évora e que teve em Dom Vasco Martins Pimentel, Conde de Benavente, o iniciante da linhagem portuguesa e cuja família se ramificou por grande parte da Europa em especial, Espanha e depois para o Brasil.

Não, caro leitor, decididamente você nunca ouviu falar em Ana Pimentel, uma ilustre desconhecida, descendente de família nobre espanhola, filha de Inês Pimentel, da casa Benavente e Rui Dias Maldonado, comendador da Ordem de São Tiago. Ela era dama de honra e prima da Rainha Dona Catarina, irmã de Carlos V, rei da Espanha.

Mas, como contraponto, certamente, você já ouviu falar no seu marido, Martim Afonso de Souza. O que os livros de história não contam é que Martim Afonso de Souza recebeu a donataria de 100 léguas de São Vicente e veio para o Brasil em 1532, comandando uma armada real para tomar posse definitiva do território, em nome do rei, e por aqui ficou por apenas três anos e voltou para Portugal por ter aceitado o cargo de capitão-mor da armada da Índia.

A incumbência de administrar a capitania foi passada a Ana Pimentel, sua mulher, de aspecto frágil, porém de grande autonomia, por meio de uma procuração datada de 3 de março de 1534. Lembre-se, querido leitor, que as únicas capitanias que deram certo foram as de São Vicente e a de Pernambuco, não por uma coincidência, mas também porque foi administrada por outra mulher forte, ao lado do marido, Duarte Coelho, dona Brites, um belo exemplo de mulher empreendedora.

Pois bem, dona Ana Pimentel ficou sozinha no Brasil por mais de uma década e é a ela que se deve o sucesso daquela capitania com total comando político e administrativo. Tornou-se assim, a primeira governadora do Brasil. Contrariando as ordens do seu marido, autorizou o acesso dos colonos ao planalto paulista onde se encontravam terras mais férteis e um clima mais ameno do que o litoral. Freud estava errado ao dizer que anatomia é destino.

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